Fotos: Layse Lacerda/MME

A hidrovia Paranaíba-Tietê-Paraná, uma das mais importantes para o escoamento da produção agrícola do Brasil, está com a navegação suspensa há um ano. O prejuízo para os transportadores já soma mais de R$ 700 milhões. A medida foi adotada porque o nível do rio baixou. Em razão da estiagem que atingiu o Sudeste do país no ano passado, a água foi destinada, prioritariamente, para hidrelétricas, a fim de garantir a geração de energia elétrica necessária para abastecer a região.

Em um ano, a paralisação da Hidrovia trouxe prejuízos de mais de US$ 50 milhões somente para os produtores de soja, devido ao aumento dos custos de frete em razão do deslocamento do transporte para o modal rodoviário.

Tantos transtornos perdas ocasionados por conta da paralisação, levaram o Governador Marconi Perillo, o prefeito Dr. Márcio Barbosa Vasconcelos, o Secretário Vilmar Rocha e empresários ligados ao setor, a participarem de uma importante reunião no Ministério de Minas e Energia, nesta segunda-feira (01/06), em Brasília, em busca de uma solução para resolução dos problemas.

De acordo com o prefeito Dr. Márcio, um novo modal de transporte de mercadorias das regiões Centro-Oeste e Norte para os portos do Sul/Sudeste, entrou também na pauta de discussão no MME.

“Trata-se da ampliação e da melhoria da hidrovia Paranaíba-Paraná-Tietê, obras que vêm sendo defendidas pelos Estados de Goiás, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e que ganharam novo impulso durante encontro de representantes dos quatro estados com o secretário Executivo do Ministério de Minas e Energia, Luiz Eduardo Barata”, disse o prefeito.

A hidrovia apresenta alguns problemas que precisam ser resolvidos para que possa ser utilizada em toda a sua extensão. Há necessidade, por exemplo, de derrocamento de pedras em algumas partes no Estado de São Paulo e construção de eclusas que possibilitem que barcos maiores possam navegar.

Um outro problema pendente para que as obras sejam iniciadas diz respeito ao racionamento de água para não prejudicar a produção de energia elétrica. Atualmente, durante uma parte do ano, a hidrovia fica sem funcionar porque os rios apresentam baixo volume de água. A maior quantidade da água que flui pelos rios acaba sendo utilizada na geração de energia, inviabilizando a utilização da hidrovia.

O presidente da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação), Raimundo Holanda Cavalcante Filho, diz que, apesar de as chuvas terem normalizado, a hidrovia permanece paralisada. “Acontece que não existe equilíbrio entre usuários da água. Se liberou demais para a produção de energia em detrimento dos demais usuários, principalmente navegação e agricultura irrigada”, explica. Os transportadores avaliam recorrer à Justiça para garantir a retomada das atividades.

Outro problema é que, como a hidrovia não está funcionando, aumenta o trânsito de caminhões nas rodovias, especialmente em direção às regiões portuárias. Isso ainda encarece o transporte para os produtores. “O grande prejudicado é o campo. Nós temos um frete 40% mais baixo que o rodoviário na região e levamos condição para que nossos produtos fiquem mais competitivos no mercado, especialmente para exportações”, complementa o presidente da Fenavega.

Segundo o estudo Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela CNT no dia 25 de maio, entre 2013 e 2014, o volume de milho transportado na hidrovia caiu 73,4%, enquanto o de soja reduziu 53,5% e o de farelo de soja reduziu 79,2%.

A Paranaíba-Tietê-Paraná transportava anteriormente à paralisação, 8 milhões de toneladas de carga por ano, incluindo 2,5 milhões de toneladas de soja, milho e outros subprodutos de soja, principalmente do Mato Grosso e Goiás.

“Com a união de todos haveremos de encontrar a melhor solução para todos esses entraves. São Simão e Goiás dependem muito da hidrovia para continuarem crescendo. Precisamos recuperar o emprego desses pais de família que, foram demitidos após a paralisação da hidrovia”, afirmou Dr. Márcio.

Após as declarações do presidente da Fenavega, alegando prejuízos no setor na ordem de mais de R$ 700 milhões, o trecho paulista da hidrovia deverá ser reaberto ainda nesse segundo semestre, segundo afirmou está semana o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Mario Povia.

Para ele, a reabertura será possível devido a obras de intervenção a serem realizadas pelo governo paulista, como a instalação de ensecadeiras para elevar o nível de água na hidrovia.

“Isso vai melhorar a condição de navegação no trecho paulista e viabilizar a movimentação de celulose, grãos e combustíveis”, disse Povia, durante evento da Frente Parlamentar em Defesa dos Portos, Hidrovias e Navegação do Brasil, em Brasília.

Segundo o diretor da Antaq, o plano de intervenções já obteve o aval do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que regula o uso da água para geração de energia elétrica, e já foi avaliado pela Agência Nacional de Águas (Ana).

Acompanharam o prefeito Dr. Márcio na investida, o vice-prefeito Adelsso Nogueira, o Procurador Dr. Amarildo Guedes e o Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e Ex-Prefeito, José Márcio de Vasconcelos Castro (Marcinho), grande conhecedor deste assunto, pois foi gerente de implantação do Distrito Agroindustrial de São Simão no Governo Henrique Santillo.